Hong Kong: Manifestantes mantém exigências e Londres apela a Pequim

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Mantêm-se intransigentes em Hong Kong os manifestantes pró-democracia, que exigem ao governo local daquela antiga colónia britânica a abertura total à democracia das eleições locais previstas para 2017. Sob o poder da China desde 1997, Pequim pretende manter o controlo das eleições e apenas admite candidatos que tenham o apoio de mais de metade dos membros de um comité de nomeação controlado pelo governo central chinês.

Na rua desde o último sábado, os manifestantes – na larga maioria estudantes – não afrouxam no braço de ferro com o atual chefe do governo local, Leung Chun Ying, exigem a sua demissão por não defender os interesses da população e não mostram receio face à posição irredutível de Pequim, ameaçando, caso não seja respeitadas as exigências, com uma campanha de desobediência civil a arrancar esta quarta-feira, 1 de outubro, dia nacional da República Popular da China.

“De facto, Leung Chun Ying está ainda à espera da ordem de Pequim para saber como poderá responder ao movimento dos dissidentes de Hong Kong porque, neste momento, a situação está fora do controlo do chefe do executivo”, afirmou Alex Chow, um dos líderes do movimento apelidado como “Occupy Central”, cujo protesto está a ficar conhecido como “a revolução dos guarda-chuvas” devido ao uso deste utensílio como proteção contra os projéteis de gás lacrimogéneo utilizados durante o fim de semana pela polícia para tentar acabar com os protestos.

Os manifestantes exigem a demissão de Leung como ponto de partida para negociar, mas o atual chefe do Executivo local recusa. Leung Chun Ying reafirma, aliás, as orientações de Pequim, sublinhando que qualquer alteração ao sufrágio tem de passar pelo Comité Eleitoral e não pela população.

Em causa, sobretudo, estão os candidatos a chefe do Executivo regional. A China quer controlar os nomes nos boletins de voto e recusa abrir o sufrágio a outros candidatos como exigem os manifestantes. À distância, Londres mostra-se preocupada. Dezassete anos depois da Grã-Bretanha ter acordado a cedência da antiga colónia à China, o vice-primeiro ministro britânico, Nick Clegg, apela a eleições totalmente democráticas no território.

“As autoridades chinesas parecem determinadas em recusar dar à população de Hong Kong aquilo que ela tem direito de esperar: eleições abertas, livres e justas baseadas num sufrágio universal”, afirmou Clegg, que já terá solicitado inclusive uma “reunião urgente” com o embaixador chinês para lhe expressar a preocupação pela forma como estão a ser geridos os protestos pró-democracia em Hong Kong.

A China, contudo, já fez saber que recusa qualquer tipo de interferências externas na administração da região e até Portugal já recebeu um género de aviso para se manter afastado.

“A fim de garantir a segurança de todos os funcionários consulares e estrangeiros que vivem em Hong Kong, esperamos que todos os consulados-gerais em Hong Kong observem rigorosamente a Convenção de Viena sobre Relações Consulares e as leis locais relevantes e regulamentos de Hong Kong, refreiem os comportamentos dos seus funcionários e aconselhem os seus nacionais a ficarem longe dos locais de reunião do (movimento de protesto) ‘Occupy Central’”, lê-se na carta que foi enviada aos representantes diplomáticos no território e na qual garantem que “a polícia de Hong Kong está a lidar com a situação de acordo com a lei.”

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