A investigação anticorrupção da “Operação Púnica” conduziu a “Guardia Civil” espanhola à detenção esta segunda-feira de 51 pessoas. Entre os detidos estão seis antigos vereadores, mas também Francisco Granados, secretário-geral do Partido Popular (PP) de Madrid entre 2004 e 2011, e ex-braço-direito de Esperanza Aguirre, a ex-presidente do governo da capital espanhola e atual líder do PP madrileno.
#LoMásTuiteado Un juez ordena la detención de Francisco Granados por un caso de corrupción http://t.co/YLvCyFP452 pic.twitter.com/VW5×5BBd1y— EL MUNDO (@elmundoes) 27 outubro 2014
A Procuradoria Especial contra a Corrupção e o Crime Organizado explicou, em comunicado, que a megaoperação visa uma “rede de corrupção municipal e regional infiltrada em varias autarquias e comunidades autónomas”, que envolve outros partidos para lá do PP, como o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) ou a União Democrática Madrilena. Para lá de Madrid, também nas regiões de Múrcia, Leão e Valência os inspetores detetaram a “conivência dos responsáveis municipais e de funcionários com empresários de sociedades construtoras, obras e serviços energéticos.”
Sob suspeita estão adjudicações públicas avaliadas em cerca de 250 milhões de euros “só nos últimos dois anos”, sobre as quais terá havido contrapartidas na forma de comissões ilegais. A investigação começou em janeiro e contou com a colaboração essencial das autoridades suíças para apurar as “suspeitas graves de branqueamento” de capitais, mas também falsificação de documentos, delitos ficais, burla, trafico de influências, desvio de fundos públicos, prevaricação, revelação de segredos, negociações proibidas a funcionários, fraudes contra a administração e organização criminal.
A vergonha de Esperanza
Ao saber da prisão de Granados, Esperanza Aguirre apressou-se a promover uma conferência de imprensa, na qual assumiu “profunda vergonha” e pediu desculpa aos espanhóis por ter confiado no seu antigo número “2” no executivo regional, de quem se distanciou. “Não posso nem quero fugir às minhas responsabilidades pelas nomeações do senhor Granados para altos cargos de responsabilidade. Tanto no partido como no governo da Comunidade de Madrid. Quero pedir perdão a todos os cidadãos”, afirmou.
Aguirre dice que no tuvo “la más mínima sospecha” de Francisco Granados http://t.co/lYS3ztOqxv “Quiero pedir perdón” pic.twitter.com/TwLRrp61a4— EL PAIS (@el_pais) 27 outubro 2014
Aguirre disse que já havia retirado a confiança ao antigo colaborador “há mais de três anos”, numa referência que se cruza com a destituição de Granados em novembro de 2011 do cargo de secretário-geral do partido em Madrid.
El ppmadrid va a hacer todo lo posible por erradicar estos casos de corrupción que están saliendo ahora. Que devuelvan lo robado.— Esperanza Aguirre (EsperanzAguirre) 27 outubro 2014
A detenção de Granados resultou da investigação aberta à conta que o antigo responsável do PP madrileno deteve na Suíça entre 1999 e 2013, na qual estavam depositados de forma secreta 1,5 milhões de euros, os quais o antigo responsável “popular” teria tentado levantar de uma só vez no final de 2012, escreveu o El País.
Gráfico: Funcionamiento de la trama Operación Púnica http://t.co/Mp7i5ZfAaU Detalles de la actuación policial y datos pic.twitter.com/AduqiTeWtH— EL PAIS (@el_pais) 27 outubro 2014
A existência da conta foi noticiada em fevereiro pelo jornal El Mundo. Granados confirmou a existência da conta, mas admitiu apenas um saldo de 30 mil euros e negou ter efetuado depósitos durante o tempo em que foi secretário-geral do PP Madrid. Ainda assim, na sequência das notícias em torno dessa conta, poucos dias depois decidiu demitir-se dos cargos que ocupava como senador e deputado na assembleia da capital espanhola.
ÚLTIMA HORA: El PP suspende de militancia a los afiliados implicados en la ‘Operación Púnica’ http://t.co/wVqeHSqhZz— Partido Popular (@PPopular) 27 outubro 2014
A mancha sobre o PP aumenta
Este novo caso de corrupção, no qual PP espanhol decidiu suspender todos os respetivos implicados, vem agravar ainda mais as suspeitas sobre o partido liderado a nível nacional pelo atual Presidente do Governo de Espanha, Mariano Rajoy. Há cerca de cinco anos, vários membros do PP em diferentes comunidades espanhola foram detidos no âmbito de um processo que viria a ficar conhecido como “o caso Gürtel”.
.@EsperanzAguirre: “Le pido a la Justicia más celeridad. Con Gürtel llevamos 6 años y aún no se ha abierto juicio oral“— cope.es (@cope_es) 27 outubro 2014
Ainda em 2009, vários membros do PP foram acusados de espionagem política na Comunidade Autónoma de Madrid sobre os próprios camaradas e a membros da oposição. No ano passado, estalou o “caso Bárcenas” nas páginas do El Mundo, no qual o PP é suspeito de se ter financiado de forma ilegal e até Rajoy foi implicado e acusado de ter recebido proveitos indevidos entre 1990 e 2008.
#Ampliamos Más de 50 arrestos y 259 registros en la operación en la que ha sido de