A Alemanha comemora os vinte e cinco anos da queda do muro de Berlim. Um acontecimento histórico que continua bem vivo na memória dos que lutaram pela liberdade. Durante décadas, Burkhart Veigel ajudou muita gente a fugir da antiga República Democrática Alemã (RDA).
Ele falsificou documentos e conduziu pessoas através de túneis e esgotos. A polícia secreta da RDA colocou-o na lista negra e tentou raptá-lo duas vezes. Hoje aos 76 anos, a sua maior preocupação é contribuir para que a história não seja esquecida.
“A minha preocupação era evitar que esta história fosse esquecida. Queria que as pessoas recordassem este acontecimento que não é assim tão longínquo. Há poucas décadas houve uma ditadura absurda. As pessoas não podiam pensar, nem dizer o que queriam, não havia debate. Para mim é algo impensável”, afirmou Burkhart Veigel.
O muro de Berlim era vigiado noite e dia. A fuga era uma decisão perigosa, para quem fugia e para quem ajudava a fugir.
“Através dos 75 túneis de Berlim sabendo que apenas 19 funcionavam bem, houve 300 pessoas que conseguiram a liberdade. 800 passaram através dos esgotos. Houve ainda 10 mil que conseguiram documentos falsos. Nos arquivos da Stasi, as autoridades diziam duas vezes que os meus papéis falsos pareciam verdadeiros. Eu era um mestre da falsificação, sabia o que estava a fazer”, sublinhou Veigel.
Quando o muro caiu, em 1989, Veigel trabalhava em Estugarda como ortopedista e assistiu aos acontecimentos históricos através da televisão.
“Chorei horas em frente à televisão. Estava muito comovido. Era o que eu queria. Eu queria liberdade para as pessoas e de repente as pessoas estavam livres. Foi a maior experiência da minha vida. No dia seguinte os meus filhos perguntaram-me porque estava a chorar e foi nessa altura que lhes contei o que tinha feito”, disse Veigel.
Para que os mais jovens não esqueçam o passado, Veigel escreveu um livro de memórias e criou o seu próprio site na Internet.