O estranho verão deste ano, no sudoeste da Europa, colocou em risco a produção de azeite deste ano nos principais países olivicultores da União Europeia: Espanha e Itália. Com a Grécia a salvo e até a duplicar a produção, Portugal também está a ser afectado pelas baixas temperaturas e excessivas chuvas estivais deste ano.
As condições climatéricas favoreceram a praga de moscas da azeitona, a qual se veio somar ainda a propagação da chamada doença da gafa. O espanhol Álvaro Labella Quesada, membro da direcção da Olivum, uma associação de olivicultores do sul de Portugal, explica-nos como a a “anormal” infestação de moscas ameaça a produção nacional, a quarta maior da União Europeia: “A picada do insecto provoca o desenvolvimento de uma larva na azeitona, que afecta a polpa e leva à queda [precoce] dessa azeitona e à quebra da qualidade do azeite.”
Álvaro Labella Quesada não arrisca números, mas antevê prejuízos muito grandes, em particular na produção do sul de Portugal. Alguns olivicultores anteciparam mesmo o período da apanha da azeitona para tentar minimizar as perdas. Outros – poucos – assumem como prejuízo total a produção deste ano.
Em Itália, o segundo maior produtor dos “28” e responsável por cerca de 450 toneladas de azeite na época de 2012/13, não há memória de algo assim. “É, sem dúvida, um ano para nos lembrarmos do que não se pode repetir ou então para ser esquecido. É o pior ano de que há memória”, lamenta Pietro Sandali, diretor geral da Unaprol, um consórcio italiano de olivicultores.
A esperada queda na produção no sudoeste europeu vai ter, naturalmente, eco na carteira dos consumidores. Quando a oferta baixa, é normal que o preço aumente junto dos clientes. Ainda assim, em Espanha, o maior produtor europeu (820 toneladas, em 2012/13), há comerciantes a assumir as perdas. “O que tentámos foi, reduzindo as nossas margens de lucro, oferecer aos clientes e ao público em geral a mesma qualidade [de azeite] com o preço mais ou menos igual ao que tínhamos”, revela Mariano Villanueva, proprietário em Madrid de uma loja especializada em azeite.
Na região espanhola vizinha do Alentejo, a Andaluzia, onde se produz cerca de metade do azeite a nível mundial, a queda estima-se este ano próxima dos 60 por cento, ajudando a que a produção total espanhola caia eventualmente pela metade. Uma quebra provocada pelo clima adverso ao desenvolvimento este ano da azeitona e à saturação das árvores depois da boa colheita da época passada que passou das 1,7 milhões de toneladas, de acordo com a “Oil World.”
Em tendência contrária, segue a Grécia, que deverá subir das 158 mil toneladas produzidas para cerca de 300 mil. Fora da Europa, o aumento de produção de azeite na Tunísia poderá ajudar igualmente a colmatar a esperada menor oferta de azeite europeus aos consumidores entre os “28.”