A existência celebra-se
Em lapsos de memória
Histórias por contar
Palcos por encenar
Telas por pintar
Enquanto as suas cores
São escolhidas na paleta
De um pintor desconhecido
E agora a alma grita-te aos ouvidos
O teu corpo cambaleia e tu cais
Cais… cais… cais… Cais
Caminhas pela terra com nome de homem
Quando deverias ter nome de Deus
E agora já nada mais te diz
A não ser a tua própria sorte
E agora consomes cigarros à pressa
E tomas comprimidos cor-de-rosa
Que nem sabes para que servem
E cais outra vez sem saber porque cais
E cais novamente
só para cair novamente
sem saber por que cais
outra vez
E agora guardas tudo
Dentro de uma caixa:
A tua alma
O teu espírito
A tua vida
A tua morte
E cais outra vez sem saber porque cais
E Deus já não é da tua família
E o Diabo já não é o teu próprio Pai
E
Cais… Cais… Cais… Cais…
Outra vez.
António Boieiro