Só 11 horas após a avalanche é que os primeiros socorros chegaram, com grande dificuldade, ao hotel Rigopiano. São 4 horas da manhã. Na noite gelada, as equipas de resgate tiveram de esquiar durante 8 km, enfrentar rajadas de neve e o risco de mais avalanches.
Quando conseguiram entrar no que restava do hotel Rigopiano, este está invadido por neve, pedras, madeiras, destroços e um silêncio mortal. Não se ouve uma única voz.
De acordo com a proteção civil, na quarta-feira, estavam no hotel 32 pessoas. Há 15 horas que aguardavam por um limpa neves para poderem descer até ao vale. Chegou tarde demais, depois da avalanche de neve.
A violência da avalanche destruiu praticamente o edifício de 3 andares e arrastou-o 10 metros. Há mais de 50 anos que não nevava tanto na região de Abruzzo. A neve atingiu entre 2 a 5 metros de altura.
O hotel Rigopiano está a 1200 metros de altitude, ao pé da cordilheira do Gran Sasso, e fica a apenas 50 quilómetros, em linha reta, de Amatrice, onde, no mesmo dia, a terra tremeu por 4 vezes, com uma magnitude entre os 5,2 e 5,7 graus na escala de Richter, e se registaram mais de 400 réplicas.
A área não era considerada como em risco de avalanches. Haverá uma ligação entre os dois fenómenos?
“A possibilidade de a avalanche e do terremoto estarem ligados está, em meu entender, comprovada, porque houve também um deslizamento de terras sob a cobertura de neve. Por isso, é muito provável que os dois eventos estejam relacionados,” esclarece o geólogo Gian Vito Graziano.
Esta nova série de sismos despertou o trauma do mais poderoso terremoto em Amatrice, a 24 de agosto, e em Norcia, a 30 de outubro de 2016. O que provoca muitas interrogações sobre a prevenção.
“Por que não existe um plano de prevenção em Itália? Por que não há ninguém que consiga encontrar fundos para a reconstrução e prevenção? Espero que isso aconteça nos próximos meses. Agora aconteceu no centro da Itália, em Amatrice em agosto, na próxima vez isto pode acontecer em outro lugar de Itália.,” alerta o geólogo Gian Vito Graziano.
Em Amatrice morreram 231 pessoas, num terremoto que, no total, provocou 292 vítimas mortais. No funeral, o bispo Domenico Pompili disse: “Os terremotos não matam, as obras dos homens é que matam.”