“Raramente os líderes da UE se reúnem longe da tristonha Bruxelas. Mesmo na pitoresca ilha de Malta, terão pouco com que se animar. Os anfitriões estão preocupados com a chegada de mais refugiados e migrantes na primavera. O Reino Unido encaminha-se para a saída da União Europeia e o comportamento do presidente norte-americano, Donald Trump, ensombra os espíritos”, explica o enviado especial da euronews a Malta, James Franey.
A política migratória de Trump foi recebida com indignação nas capitais europeias, mas a União Europeia também planeia políticas mais duras nessa área.
O governo de Malta quer travar a chegada de mais pessoas via Líbia. No projeto de declaração final da cimeira, os líderes europeus admitem a deportação de pessoas para esse país.
As propostas do Serviço Europeu para a Ação Externa pretendem evitar que mais pessoas cheguem a território europeu com recurso as redes de contrabandistas.
Co-fundadora de uma organização não-governamental de apoio ao salvamento marítimo, Regina Catrambone defende a criação de rotas seguras e legais para as pessoas que querem mudar-se para a Europa.
A voluntária diz que “o mar Mediterrâneo estava associado a férias e relaxamento, mas está a tornar-se num cemitério, porque muitas pessoas estão a fugir da guerra e da perseguição, em busca de uma vida melhor. Não se trata só de cada indivíduo que se afoga no mar. Ao permitirmos estas mortes, também morre com elas o nosso sentido de Humanidade”.
Dados da ONU revelam que mais de 1700 pessoas pediram asilo em Malta, em 2016. A maioria delas são cidadãos da Líbia, Síria, Eritreia e Somália.
Quem trabalha diretamente com refugiados na ilha não acredita no sucesso das medidas que estão a ser estudadas pela União Europeia.
Ahmed Bugri, diretor da Fundação para o Abrigo e Apoio aos Migrantes, refere que “a hipótese de reenviar as pessoas para a Líbia é hipócrita”.
“A União Europeia não pode, por um lado, culpar Donald Trump por querer construir um muro real entre os EUA e o México e, por outro lado, estar a criar muros políticos para impedir os jovens de África de procurarem asilo na Europa. Acho isso muito hipócrita e sem sentido”, explicou.
Malta é o único Estado-Membro com um programa de reinstalação de refugiados nos EUA, que agora foi posto em causa com a nova ordem executiva do Presidente norte-americano.
De acordo com as Nações Unidas, 455 migrantes deixaram Malta, no ano passado, para começarem uma nova vida do outro lado do Atlântico.
Hosam era carpinteiro na capital da Síria e sonha em regressar a casa, mas considera que a decisão de Trump sobre os refugiados vai contra os valores norte-americanos.
“A América é um país de liberdade. Trump, com este passo, estragou tudo. Há cristãos no nosso país. Há muçulmanos no país de Trump. Então o que temos de fazer agora é também expulsar os norte-americanos? Isso não é liberdade. É contra os princípios da liberdade”, refere o refugiado.
Sem uma solução política que pon