Banda do Corpo de Bombeiros - Cabeça de Porco

O Conservador 2017-04-15

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Título: Cabeça de Porco
Compositor: Anacleto de Medeiros
Regente: Anacleto de Medeiros
Orquestra: Banda do Corpo de Bombeiros
Gravadora: Casa Edison
Data: c. 1900

Sobre Anacleto de Medeiros:

http://dicionariompb.com.br/anacleto-de-medeiros/biografia

História do Cortiço Cabeça de Porco

O Cabeça de Porco era um famoso e vasto cortiço no centro do Rio de Janeiro, perto de onde está, hoje, o túnel João Ricardo.

Á sua entrada, existia um grande portal em arcada encimado por uma cabeça de porco. Arcos, com cabeças de animais em gesso, eram comuns à época, em quintas e chácaras.

As histórias que cercam este cortiço são contraditórias. Algumas passaram a lendas urbanas, como a que dizem ter sido habitado por 4000 pessoas. Mas por volta de 1800 era, talvez, o maior cortiço da cidade.

Um verdadeiro labirinto arquitetônico que se estendia da Rua Barão de São Felix até a pedreira dos Cajueiros, no Morro da Providência. Dizem que em seu interior “havia grande número de cocheiras com animais e carroças, galinheiros e até um armazém”, segundo uma reportagem publicada em 1926.

Era voz corrente que o proprietário do “Cabeça de Porco” seria o conde d’Eu, genro de D. Pedro II; entretanto, documentos indicam a existência de vários proprietários desde a primeira metade do Séc.XIX. Alguns permanecem nas redondezas como nomes de logradouros públicos, como é o caso da travessa de D. Felicidade e da ladeira do Faria.

Em 1891, o município assinava contrato com o engenheiro Carlos Sampaio, que se propunha a abrir um túnel e prolongar as ruas até sua entrada.

Em 26 de janeiro de 1893, o Intendente Barata Ribeiro (o mesmo que dá nome à movimentada rua de Copacabana) baixou um decreto que permitia à Intendência Municipal dar combate aos cortiços da cidade. Haviam, a época, quase 600 cortiços no centro da cidade, que abrigavam cerca de 25% da população carioca.

Neste mesmo dia, começou a demolição do Cabeça de Porco, executada pelo próprio Intendente, secundado de um verdadeiro exército de empregados da Intendência, e mais bombeiros, funcionários da Higiene Pública, o chefe de polícia em pessoa, policiais, sanitaristas e engenheiros.

Os despejados acabaram migrando para os morros próximos, inclusive o Morro da Favella (hoje Favela da Providência), dando origem à primeira favela brasileira (e à própria expressão “favela”).

Ângelo Agostini, em reportagem na Revista Ilustrada, assim se refere à demolição:

“Quem suporia que uma barata fosse capaz de devorar uma cabeça de porco em menos de 48 horas? Pois devorou-a alegremente, com ossos, pele e carne, sem deixar vestígios. E só assim a secular cabeça, que derrubou ministérios, fez as delícias do Conde d’Eu e as glórias da respeitável D.Felicidade Perpétua de Jesus, deixou de ser, sob o domínio impiedoso de uma barata...”

Mal havia desaparecido o famoso cortiço, e os jornais já noticiavam a construção do túnel, que só seria concluída em 1922, quando era Intendente-geral o próprio Carlos Sampaio.

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