“Habemus governo”, quase se pode dizer da política holandesa, 208 dias após o início das negociações para formação de executivo, as mais longas desde a II Guerra Mundial.
As eleições de 15 de março elegeram Mark Rutte, e o seu VVD de direita (Partido Popular para a Liberdade e a Democracia), mas também subiram à câmara baixa a extrema-direita do PVV (Partido da Liberdade) de Geert Wilders.
Pesada derrota teve a anterior coligação de Rutte, o partido trabalhista (PVdA). A fotografia parlamentar fez-se à saída das urnas com uma fragmentação de 13 partidos representados.
A recusa em coligar com o eurocepticismo de Wilders resulta em 76 deputados num plenário de 150, com 33 do liberal conservador VVD, 19 dos democratas-cristãos da CDA, 19 do liberal progressista D66 e os 5 deputados vindos do calvinismo da União Cristã.
VVD, CDA e D66 tentaram um acordo com a Esquerda Verde, mas os ecologistas fizeram redundar as negociações num não acordo por divergências quanto às políticas de emigração. A opção foi então a União Cristã, com Alexander Pechtold, líder do D66, a deixar cair agora o antagonismo quanto a temas relacionados com ética médica e a possível extensão da lei de eutanásia.
Os líderes de ambos os partidos mostraram-se hoje contentes com o acordo, que foi reduzido a escrito com maior especificidade precisamente por serem também maiores as divergências políticas a ultrapassar.
Um governo de centro-direita com 4 partidos e uma frágil maioria, por um deputado, face à direita extremada.
O Parlamento fará um debate sobre o acordo esta semana e Rutte ser´designado como formador de Governo, se nada imprevisto ocorrer.
As nomeações dos novos ministros ainda não foram anunciadas e espera-se que sejam conhecidas antes do final de outubro.