Não, não vim de uma costela.
Fui parida do mesmo barro que a tudo dá forma.
Gestei calada as dores da exclusão, da submissão, da violência, velada, explícita.
Sangrei.
Encontrei pares.
Rompemos em gritos, clamando igualdade.
A força do fogo, que nos havia consumido em fogueiras, queimou na praça, nos olhos, no campo, na cama, no chão de fábrica, na rua, no ventre.
Viramos Maria, Elisabeth, Simone, Cora, Margarida, Janaína.
Todas por todas.
Direito ao voto, ao divórcio, acesso à educação e ao mercado de trabalho, liberação sexual...
Direito ao próprio corpo?!
Ah... Em séculos de luta, arrancamos do útero ferramentas capazes de confrontar a velha e nefasta cultura patriarcal.
Maternamos um novo espaço de ocupação social e política.
E ainda sangramos.
Estupraram a garota e a nossa jovem democracia.
Seguimos em brados.
Todas por todas.
Há ainda um longo caminho de resistência contra a opressão, a invisibilidade, a exploração, a discriminação, o assédio, os ataques e golpes de cada dia.
Essa é a conversa no Melhor e Mais Justo