ELEIÇÕES 2018: OS DADOS ESTÃO LANÇADOS E O CENÁRIO É INQUIETANTE

NOCAUTE 2018-07-31

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A essa altura do calendário eu acho muito difícil que o Lula seja posto em liberdade antes da eleições de outubro. Essa prisão completamente arbitrária e injustificável, não há uma prova contra ele faz parte do golpe que destituiu a Dilma Rousseff, mas o objetivo não era a Dilma.
O objetivo era o Lula.
Então, eu acho muito pouco provável, infelizmente, que ele seja libertado. E se ele não participar da eleição, o quadro é muito preocupante. Extremamente preocupante.
As últimas pesquisas mostram que o Bolsonaro é um candidato forte. Eu acho que ele está no teto dele, 17%, 18%, talvez 20%.
O problema é que os outros estão longe dele. E a perspectiva é a pior possível. Porque os golpistas, a direita não tem um candidato viável. Michel Temer já tirou o cavalinho da chuva. Henrique Meirelles é uma piada de mau gosto. É muito complicado e a esquerda sim tem chance.
O campo progressista tem chance, mas é preocupante.
No meio disso tudo 70 militares de pijama, ou seja, da reserva, vão disputar cargos no Brasil inteiro, deputado estadual, deputado federal, governador em alguns estados, alguém vai tentar o Senado.
Um militar da reserva tem direito de participar de uma eleição? Claro que sim. Qualquer brasileiro tem direito de participar de uma eleição. Menos o Lula, claro. Mas qualquer outro tem.
Então, porque é inquietante? Para mim é inquietante pelo seguinte: muitos deles, general Mourão, por exemplo, estavam na ativa faz muito pouco tempo. E passaram para a reserva com uma postura de uma virulência, de um reacionarismo atordoante.
Uma outra pesquisa que passou meio que em brancas nuvens diz que perto de 50% dos brasileiros querem uma intervenção militar.
Deve ser gente jovem que não viveu a ditadura e que não tem ideia do que é uma ditadura. Eu vivi duas, aqui e na Argentina.
Não quero que eles voltem de jeito nenhum. Como é que vai ser?
É muito, muito, muito nebuloso. É assustador esse cenário. Para quem fala de intervenção militar sem ter ideia do que está falando, convém lembrar aquilo que a gente já falou aqui: matar, estuprar, torturar, desaparecer foi política de Estado no Brasil. Durante qual período? A ditadura militar.
Agora vem o general e aquele ministro da Segurança Pública, o Raul Jungmann dizer que o telegrama da CIA mostrando que o Geisel autorizava assassinatos não vai arranhar a imagem das Forças Armadas do meu país, que também é o país dele.
Eu acho que o telegrama não arranha não. O que arranha foi o que os militares fizeram.
O que arranha a imagem foi ter torturado, violado, sequestrado, desaparecido com gente.
Isto arranha. Não só a imagem das Forças Armadas, mas a imagem do meu país.
Cuidado. Cuidado. Cuidado.

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