Troco os meus olhares com a quietude dos peixes
e vagueio numa ondulação combinada
com o arrepio mastigado das águas
que morrem na indiferença das horas.
Nem o feitiço da luz em relâmpagos no seio das águas lisas
me acordam deste flutuar harmonioso e sereno
numa fusão clandestina
entre o profano e o sagrado.
O meu caminho abre-se
nas clareiras profundas e brancas das areias
em janelas de rostos cristalinos
onde procuro repousar este destino.
Aí,
sou a casa abandonada
no navio que perdeu o leme
e deixou a esperança da alegria
na linguagem impaciente dos mastros
Nem a tarde nem a noite acordam a cumplicidade silenciosa
destas solitárias ondas.
Nelas, abandono as memórias
na quietude da sombra dos juncos.
Manuela Barroso