A Província do Espirito Santo (O Cosmorama da Bahia - 1849)
Nada há que magoe mais o homem que nasceu em um país tão rico, por sua natureza, de todos os misteres, do que o desprezo dos seus governantes. A província do Espírito Santo é um paraíso para o homem que saiba apreciar os dotes da natureza; e tem sido vítima da indolência dos governos.
É verdadeiramente um panorama encantador, onde a vista do viandante se extasia por encontrar soberbas e variadas distrações! Ricos vales e campinas férteis de excelentes produtos saborosos, ali se encontram. A comodidade em todos os alimentos que o homem procura para sua subsistência. Grupos de serras e montes, que oferecem ao naturalista objetos de saudosas recordações. Uma abundância de carne e peixe para o sustento diário.
Suas terras frescas e belas pouco se embaraçam com a mão do agricultor; porque a natureza parece dizer-lhe que pouco basta a arte, que se contenta somente com a semente, que ela fará o resto. Seus rios e córregos são abundantes e perenes.
Rios há tão majestosos que facilitam o trânsito de canoas e barcos, para transportarem os gêneros que abundam no interior.
País fértil de madeiras de grande valor, como jacarandá, cedro, tapinhoã, gurubi e outras de igual merecimento.
País salubre e muito higiênico pelas posições que existem tanto na cidade de Vitória, como no interior da província. Ali existe uma imensidade de grupos de morrinhos que encanta a vista do admirador!
Parece que o Ente Supremo colocou nessa província tudo que havia de bom para os homens!